Pérolas de sabedoria de Santo Antonio Maria de Claret

Pérolas de sabedoria de Santo Antonio Maria de Claret

No 24 de Outubro festejamos o dia de Santo Antônio Maria Claret. Queria deixar algumas reflexões de sabedoria dele para quem visita esta página.

Santo Antonio Maria Claret

Santo Antonio Maria Claret

De que vale o homem ganhar o mundo, se vem a perder a alma? Esta sentença me causou uma profunda impressão… foi para mim uma flecha que me feriu o coração…”

“Digo a mim mesmo: Um filho do Imaculado Coração de Maria é um homem que arde em caridade e abrasa por onde passa; que deseja eficazmente e procura por todos os meios inflamar o mundo no fogo do divino amor. Nada o detém. Alegra-se nas privações. Enfrenta os trabalhos. Abraça os sacrifícios. Compraz-se nas calúnias e se alegra nos tormentos. Seu único pensamento é seguir e imitar a Jesus Cristo, no trabalho, no sofrimento, procurando sempre e unicamente a maior glória de Deus e a salvação das almas”.

“O que sim lhe digo é que na América há um campo muito grande e muito fecundo e que com o tempo sairão mais almas para o céu da América que da Europa. Esta parte do mundo é como uma vinha velha, que não dá muito fruto e a América é vinha jovem”.

A experiência me ensinou que um dos meios mais poderosos para a propagação do bem é a imprensa, ao mesmo tempo que é a arma mais poderosa para se propagar o mal, quando dela se abusa. Por meio da imprensa pode-se produzir muitos livros bons e folhetos para o louvor de Deus. Nem todos querem ou podem ouvir a divina palavra, mas todos podem ler ou ouvir a leitura de um bom livro. Nem todos podem ir à igreja ouvir a palavra divina, porém o livro irá à sua casa. Nem sempre o pregador pode estar pregando, porém o livro sempre estará repetindo a mensagem, sem nunca se cansar, sempre disposto a repetir a mesma coisa, quer seja lido pouco ou muito, lido ou deixado uma ou mil vezes, não se ofende por isso, permanece o mesmo, sempre se acomoda à vontade do leitor.”

Para ler mais sobre Santo Antonio Maria Claret
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São Gaspar de Búfalo anjo da paz, pequeno apóstolo de Roma e martelo dos Carbonários

São Gaspar de Búfalo anjo da paz, pequeno apóstolo de Roma e martelo dos Carbonários

Celebramos no dia 21 de Outubro a festa deste santo cuja atenção me foi referida pela excelente página de Verdades Esquecidas 

São Gaspar de Búfalo

São Gaspar de Búfalo – Missioneiro e Fundador da Congregação dos Missionários do Preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo

Missioneiro em Roma e Italia, Fundador da Congregatio Missionariorum Pretiosissimi Sanguinis Domini Nostri Jesu Christi, Congregação dos Missionários do Preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Belíssimo nome apesar do comprimento, para uma congregação religiosa.

A devoção ao Preciosíssimo Sangue de Jesus Cristo remonta aos primórdios da Igreja, em reverência ao sangue de Jesus Cristo derramado na cruz e também em alusão ao sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo na Eucaristia.

No século XIX, São Gaspar de Búfalo foi o grande propagador desta devoção, cujo reconhecimento pela Sé Apostólica permitiu a composição da missa e ofício próprios por ordem do Papa Bento XIV. Posteriormente, por decreto do Papa Pio IX, a devoção foi estendida à toda Igreja.

Era conhecido como o martelo dos carbonários (a franco-maçonaria italiana), porque combateu com rigor as investidas dos inimigos da Igreja, obtendo muitas conversões de afiliados da sociedade secreta, a maçonaria.

S. Gaspar foi “o verdadeiro e maior apóstolo da devoção ao Preciosíssimo Sangue em todo o mundo”, seu lema era: “falar pouco, falar bem, falar na hora certa.

Ele disse um dia: “Por Nosso Senhor Jesus Cristo temos de fazer muito, depressa e bem.” Ao pregar missões populares sempre era acompanhado de um grande crucifixo.

Depois de garimpar informações na internet a respeito dele, encontrei uma profecia relacionada com tempos futuros e castigos que estão para vir. Como São Gaspar outros santos, beatos, bem-aventurados e místicos também falaram dos três dias de trevas

Profecia de sobre os três días de trevas

A morte dos impenitentes perseguidores da Igreja ocorrerá durante os três dias de trevas,  mas aqueles que veneram o Preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, serão poupados desta catástrofe.

Quem sobreviver aos três dias de trevas e pranto, ver-se-a como único sobrevivente na Terra, pois em verdade, o mundo estará coberto de cadáveres. O mundo não tem visto nada semelhante desde os dias do dilúvio.”

São Gaspar de Búfalo foi beatificado por São Pio X em 1904, e canonizado pelo Papa Pio XII em 12 de junho de 1954. Seu dia de festa, como indicado no Martirológio Romano, é no dia da sua morte, 28 de dezembro, mas não foi incluída no Calendário Romano. Atualmente a festa de São Gaspar de Búfalo é comemorada no 21 de outubro.

A Rainha do Preciosíssimo Sangue, imagem que São Gaspar levava às missões

A Rainha do Preciosíssimo Sangue, imagem que São Gaspar levava às missões

A seguir a consagração ao Preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo composta por São Gaspar de Búfalo

Consagraçao ao Preciosíssimo Sangue de Jesus Cristo

Senhor Jesus, que nos amais e nos libertastes dos nossos pecados com Vosso Sangue, eu Vos adoro, Vos bendigo e a me consagro a Vós com viva Fé.

Com a ajuda de Vosso Espírito, prometo entregar toda a minha existência, animada pela memória de Vosso Sangue, como um serviço fiel à vontade de Deus pelo advento de Vosso Reino.

Pelo Vosso Sangue derramado pela remissão dos pecados, purificai-me de toda culpa e renovai-me no coração, para que resplandeça sempre mais em mim a imagem do homem novo criado segundo a justiça e a santidade.

Pelo Vosso Sangue, sinal de reconciliação entre Deus e os homens, transformai-me em um instrumento dócil de caridade fraterna.

Pelo poder de Vosso Sangue, prova suprema de vossa caridade, dai-me a coragem de amar a Vós e aos irmãos até a doação de minha vida.

Ó Jesus Redentor, ajudai-me a levar cotidianamente a Cruz, para que a minha gota de sangue, unida ao Vosso, colabore na Redenção do Mundo.

Ó Sangue divino, que vivificais com a Vossa graça o Corpo Místico, transformai-me em pedra viva da Igreja.

Dai-me a paixão pela união entre os Cristãos.

Infundi em meu coração um grande zelo pela salvação de meu próximo.

Suscitai numerosas vocações missionárias na Igreja, para que a todos os povos seja dado conhecer, amar e servir o Deus Verdadeiro.

Ó Sangue Preciosíssimo, sinal de Redenção e vida nova, concedei-me a perseverança na Fé, na esperança e na caridade, para que, por vós escolhido, possa sair deste exílio e entrar na terra prometida do Paraíso, para cantar por toda a eternidade o meu louvor com todos os redimidos. Amém.

Para ler uma história mais completa de São Gaspar de Búfalo

Só a Arte Sacra pode ser Cristã?

Pelas altas janelas, guarnecidas de vitrais, entra uma luz abundante mas suave, que se reflete no soalho, no metal polido das armaduras e das panóplias, no bronze e no cristal dos imensos candelabros, e parece atingir a custo as nervuras e pinturas do teto.

Sala de um castelo medieval impregnado de espírito cristão

Sala de um castelo medieval impregnado de espirito cristão
As colunas, fortes e delicadas, se abrem ao alto como imensas palmeiras que protegessem a sala com sua ramagem de pedra, de linhas coerentes, nítidas e suaves.

A sala é fortemente impregnada de um ambiente peculiar, que convida a um repouso sem ócio nem dissipação, um repouso todo feito de recolhimento, gravidade, equilíbrio e força.

Mount Stuart Sala do Castelo
As armaduras, os veados empalhados, enriquecem este ambiente com o eco das proezas praticadas na caça e na guerra.

Os lambris de madeira trabalhada quebram com sua delicadeza e aconchego o que a austeridade da pedra talvez tivesse de excessivo. Ao fundo, sobre uma peanha, a imagem de um Santo atrai o pensamento para o Céu.

Sem dúvida esta sala espelha uma mentalidade, que poderá agradar a uns, desagradar quiçá a outros, mas que de um modo ou de outro soube dispor admiravelmente das cores e das formas para se exprimir.

É uma sala de uso civil quotidiano. Apresenta o ambiente em que o espírito de nossos maiores se sentia à vontade para viver a vida corrente.

A Sainte Chapelle de Paris construída por São Luiz para conter alguns espinhos da coroa de Nosso Senhor Jesus Cristo

A Sainte Chapelle de Paris construida por São Luiz para conter alguns espinhos da coroa de Nosso Senhor Jesus Cristo
A Sainte Chapelle de Paris, construída no séc. XIII por S. Luis IX, Rei de França, para conter alguns espinhos da coroa de Nosso Senhor Jesus Cristo, exprime a mesma mentalidade, não enquanto entregue à vida diária, mas enquanto voltada para a prece.

Sainte Chapelle, parte inferior
A nota de delicadeza atinge ao sublime. Nem por isto a força, o equilíbrio, a gravidade, o recolhimento perdem algo da sua plenitude. Eclesiásticos, artistas, peregrinos de lodos os séculos têm visto na Sainte Chapelle, no ambiente que nela palpita, na mentalidade expressa em suas linhas, suas cores, suas formas, sua configuração geral, a expressão arquetípica da alma cristã.

A alma cristã deixa uma marca inconfundível com que exprime tudo quanto faz

Cristã é a sala como cristã é a capela. E isto não só pelo efeito das imagens e símbolos religiosos que ali se encontram, como pelo ambiente que ali se respira, pela mentalidade que fica subjacente a este ambiente.

De onde se chega a uma noção mais ampla. Uma obra de arte não é cristã pelo simples fato de estar coberta de símbolos de nossa santa Religião, como um homem não se faz frade pelo simples fato de vestir burel.

É preciso que seja católica a alma que na obra de arte palpita, para que esta se possa dizer genuinamente cristã.

E o ambiente cristão não é susceptível de impregnar apenas um edifício destinado ao culto, mas qualquer local que tenha em sua configuração a marca inconfundível com que a alma cristã exprime tudo quanto faz.

(Plinio Corrêa de Oliveira em Catolicismo, Dezembro de 1952)
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Comentários sobre a fisionomia de Santa Maria Eufrásia Pelletier

Velhice: Decrepitude ou Apogeu?

Em número anterior (veja aqui), fizemos o confronto entre as fotografias de Churchill moço e velho, para mostrar como se engana o mundo moderno quando só vê no envelhecimento uma decadência.

Quando se prezam mais os valores do espírito, envelhecer é crescer

Quando se sabe prezar mais os valores do espírito do que os do corpo, envelhecer é crescer no que o homem tem de mais nobre, que é a alma, se bem que signifique a decadência do corpo, que é apenas o elemento material da pessoa humana.

E que decadência! Bem pode ser que o corpo perca sua beleza e seu vigor. Mas ele se enriquece com a transparência de uma alma que ao longo da vida soube desenvolver-se e crescer. Transparência esta que constitui a mais alta beleza de que a fisionomia humana seja capaz.

Rosa Virginia Pelletier (Santa Maria Eufrasia Pelletier)
Santa Maria Eufrásia Pelletier, nascida na Vandéa, França, em 1796, fundadora de uma Congregação docente feminina, faleceu em 1868. Sua festa se celebra no dia 24 de abril.

Nada do que significa formosura lhe faltou na mocidade: a correção dos traços, a beleza dos olhos e da cútis, a distinção da fisionomia, a nobreza do porte, o viço e a graça da juventude. Mais: o esplendor de uma alma clara, lógica, vigorosa, pura, se exprimia fortemente em sua face. É o tipo magnífico da donzela cristã.

Santa Maria Eufrasia Pelletier
Ei-la em sua ancianidade. Do encanto dos antigos dias resta apenas um vago perfume. Mas outra formosura mais alta brilha neste semblante admirável.

O olhar ganhou em profundeza; uma serenidade nobre e imperturbável parece prenunciar nele algo da nobreza transcendente e definitiva dos bem-aventurados na glória celeste!

O rosto conserva o vestígio das batalhas árduas da vida interior e apostólica dos Santos. Atingiu algo de forte, de completo, de imutável: é a maturidade no mais belo sentido da palavra.

A boca é um traço retilíneo, fino, expressivo, que traz a nota típica de uma têmpera de ferro. Uma grande paz, uma bondade sem romantismo nem ilusão, com algum resto da antiga beleza, esplende ainda nesta fisionomia.

O corpo decaiu, mas a alma cresceu tanto, que já está toda em Deus

O corpo decaiu, mas a alma cresceu tanto, que já está toda em Deus, e faz pensar na palavra de Santo Agostinho: nosso coração, Senhor, foi criado para Vós, e só está em paz quando repousa em Vós.

Quem ousaria afirmar que para Santa Maria Eufrásia, envelhecer foi mesmo decair?

Aspirações de Santa Maria Eufrásia

Ó meu Deus, fazei que cada batida de meu coração seja uma súplica para alcançar graça e perdão para os pecadores.
Que cada uma de minhas respirações seja um apelo à Tua infinita misericórdia,
que cada olhar meu, atraia para Vós as pessoas que eu fitar e lhes revele o Teu amor.
Que o alimento de minha vida seja trabalhar sem descanso pela Tua glória e pela salvação das almas. Amém.

Fontes:
Plinio Corrêa de Oliveira em Catolicismo, novembro 1952
http://www.buonpastoreint.org
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8 de Setembro – Natividade de Nossa Senhora

Maria Bambina
8 de Setembro – Natividade de Nossa Senhora

No seu Sermão do Nascimento da Mãe de Deus, o Pe. António Vieira diz:

“Perguntai aos enfermos para que nasce esta Celestial Menina. Dir-vos-ão que nasce para Senhora da Saúde;

perguntai aos pobres, dirão que nasce para Senhora dos Remédios;

perguntai aos desamparados, dirão que nasce para Senhora do Amparo;

perguntai aos desconsolados, dirão que nasce para Senhora da Consolação;

perguntai aos tristes, dirão que nasce para Senhora dos Prazeres;

perguntai aos desesperados, dirão que nasce para Senhora da Esperança;

os cegos dirão que nasce para Senhora da Luz;

os discordes: para Senhora da Paz;

os desencaminhados: para Senhora da Guia;

os cativos: para Senhora do Livramento;

os cercados: para Senhora da Vitória.

Dirão os pleiteantes que nasce para Senhora do Bom Despacho;

os navegantes: para Senhora da Boa Viagem;

os temerosos da sua fortuna: para Senhora do Bom Sucesso;

os desconfiados da vida: para Senhora da Boa Morte;

os pecadores todos: para Senhora da Graça;

e todos os seus devotos: para Senhora da Glória. E se todas estas vozes se unirem em uma só voz (…), dirão que nasce (…) para ser Maria e Mãe de Jesus”.

(Apud José Leite, S. J., op. cit., Vol. III, p. 33.).

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Nossa Senhora das Maravilhas (Madri)

Nossa Senhora das Maravilhas com os Santos Justo e Pastor

A história dessa milagrosa imagem é verdadeiramente extraordinária. Ela estava ameaçada de destruição em um pequeno povoado vizinho a Salamanca, ignorando-se completamente como lá havia chegado. E hoje é uma das mais formosas que se veneram na Espanha.

No final do século XVI, tal imagem contudo estava tão maltratada, com o rosto tão desfigurado, que o Juiz Eclesiástico ordenou fosse enterrada.

Quando sua disposição estava para ser cumprida, o tumulto que se formou no pórtico da igreja, onde ela se encontrava, assemelhava-se a um enxame de abelhas dispostas a abandonar sua colméia.

Eram os fiéis que, acostumados a rezar diante daquela imagem deteriorada, viam desaparecer, com dor, o sagrado objeto por tanto tempo cultuado.

Em vão o pároco do lugar tentou cumprir a ordem do Juiz Eclesiástico. Entre os que se lhe opunham com prantos e brados destacava-se João González e, muito particularmente, sua esposa, os quais pediam que a imagem lhes fosse entregue.

A solicitação foi-lhes recusada. Contudo, tantas e tão intensas foram as instâncias daquela mulher que, ao cabo de vinte e seis anos de perseverantes esforços, conseguiu ela que a autoridade eclesiástica satisfizesse seu desejo.

E assim, com o coração palpitante de alegria e com respeitoso amor por haver salvo a imagem, levou aquele inestimável tesouro até sua casa. Graças, pois, à sua piedosa devoção, evitou-se o desaparecimento da imagem, sem que se saiba ao certo por que, durante tanto tempo, ficou sem cumprimento a ordem do Juiz.

Em Madri, os milagres se multiplicam

Depois de passar por grandes vicissitudes, foi a imagem vendida em Madri a Ana Maria del Carpio, esposa de um escultor. Este, a seus rogos, retocou a imagem, apesar do estado lastimável em que encontrava.

Segundo a tradição, antes de a imagem passar ao seu poder, Ana Maria, em sonhos, viu-a rogando-lhe que não lhe recusasse um albergue em sua casa, porque assim convinha que fosse servida.

E abrindo-lhe as mãos, entre elas mostrava-lhe um Menino, que era seu Santíssimo Filho Jesus, a quem uma flor – a maravilha – servia de trono.

Três anos permaneceu a imagem na casa de Ana Maria. Os milagres que operou nesse período, porém, impeliram o Vigário Geral de Madri a intimar a esposa do escultor a depositá-la em algum convento ou igreja, para que recebesse o devido culto público e a veneração dos fiéis.

Obrigada a obedecer à determinação da autoridade, resolveu Ana Maria ceder sua imagem ao convento – hoje das Maravilhas – da Igreja de Santo Antão, o qual era ocupado por freiras carmelitas.

Cumprindo-se a ordem do Vigário Geral, no dia 1º de fevereiro de 1627 a imagem foi transladada, em uma carruagem, da casa de Ana Maria del Carpio para o convento.

E, durante o cortejo, todas as pessoas do povo observaram que uma pomba seguia ininterruptamente a carruagem até chegar à porta da igreja, quando pousou uns instantes sobre o teto do coche.

Depois, alçando vôo rapidamente, tão-logo a imagem entrou no templo, a ave dirigiu-se ato contínuo ao coro das freiras, deixando-se pegar por elas.

A imagem e a resistência anti-napoleônica

A sagrada imagem da Virgem, que se venera neste convento, não somente emprestou seu nome ao templo em que foi colocada – a Igreja das Maravilhas – como também ao bairro em que o convento está situado.

É digno de menção que, a partir de uma praça de guerra, localizada nas imediações do convento, a coragem do povo espanhol tenha se manifestado de modo tão heróico, pois ali, em 1808, se lançou o primeiro grito de resistência contra as hostes revolucionárias napoleônicas.

Brado que, ecoando intensamente por toda a nação, ao cabo de seis anos foi responsável pela expulsão do solo espanhol das tropas de José Bonaparte, usurpador do trono dos Reis Católicos. Brado que também devolveu o cetro a seu legítimo monarca que o havia herdado de seus ancestrais.

Os gloriosos lances históricos acima descritos fizeram com que os habitantes do bairro das Maravilhas, entusiasmados com a defesa heróica da Religião e da Pátria que levaram a efeito naquela ocasião, conduzissem a imagem de sua Padroeira em procissão de ação de graças, numa data muito significativa: 30 de julho de 1808, dia em que José Bonaparte teve que evacuar a capital espanhola – não tendo durado sua permanência em Madri mais que dez dias -, em conseqüência da batalha de Bailén.
_________________________
Fonte de referência:
Conde de Fabraquer, Historia. Tradiciones y Leyendas de Ias imágenes de Ia Virgen. aparecidas en Espana. tomo III, lmprenta y Litografia de D. Juan José Martínez, Madrid, 1861, pp. 325 a 350.

São Leão Magno

São Leão MagnoSão Leão Magno
Permaneceu célebre um episódio da vida de São Leão Magno. Ele remonta a 452, quando o Papa em Mântua, juntamente com uma delegação romana, encontrou Átila, chefe dos Hunos, e o dissuadiu de prosseguir a guerra de invasão com a qual já tinha devastado as regiões nor-orientais da Itália. E assim salvou o resto da Península. Este importante acontecimento tornou-se depressa memorável, e permanece como um sinal emblemático da acção de paz desempenhada pelo Pontífice.
São Leão Magno detem o avanco de Atila e salva Roma
A seguir dizeres muito apropriados de São Leão Magno para nossos dias.

Recomeçar sempre!

Não desista nunca,
Nem quando o cansaço se fizer sentir,
Nem quando os teus pés tropeçarem,
Nem quando os teus olhos arderem,
Nem quando os teus esforços forem ignorados,
Nem quando a desilusão te abater,
Nem quando o erro te desencorajar,
Nem quando a traição te ferir,
Nem quando o sucesso te abandonar,
Nem quando a ingratidão te desconsertar,
Nem quando a incompreensão te rodear,
Nem quando a fadiga te prostrar,
Nem quando tudo tenha o aspecto do nada,
Nem quando o peso do pecado te esmagar…

Invoque Deus, cerre os punhos, sorria… E recomece!

Ricomincia Sempre (em italiano)

Non ti arrendere mai,
neanche quando la fatica si fa sentire,
neanche quando il tuo piede inciampa,
neanche quando i tuoi occhi bruciano,
neanche quando i tuoi sforzi sono ignorati,
neanche quando la delusione ti avvilisce,
neanche quando l’errore ti scoraggia,
neanche quando il tradimento ti ferisce,
neanche quando il successo ti abbandona,
neanche quando l’ingratitudine ti sgomenta,
neanche quando l’incomprensione ti circonda,
neanche quando la noia ti atterra,
neanche quando tutto ha l’aria del niente,
neanche quando il peso del peccato ti schiaccia…

Invoca il tuo Dio, stringi i pugni, sorridi… e ricomincia!

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A Salve Rainha

Salve Rainha

Depois do Padre Nosso e da Ave Maria, não há oração tão profunda, formosa e simples como a Salve Rainha, que desde os primeiros momentos de sua aparição, em fins do século X, foi recebida pela Igreja e adotada pela Cristandade, e se reza a cada dia em todos os lares e em todos os templos católicos, desde os mais suntuosos até os mais humildes.

Nada há de estranho que assim seja, pois esta preciosa oração reúne as condições de toda oração para ser perfeita, segundo a doutrina do Anjo das Escolas [São Tomás de Aquino]: pedir com instância uma graça determinada e estar ela ordenada à vida eterna (cfr. Suma Teológica, IIa IIae, q. 83, a. 17).

Por meio dela, sempre que nos sentimos angustiados pelas provas e amarguras da vida, recorremos ao trono celestial da Virgem, tesouro inesgotável de proteção e de consolo, saudando-a primeiramente com aquelas invocações de Rainha e Mãe de misericórdia, vida, doçura e esperança nossa, que resumem todos os motivos que temos para acudir a ela com filial e ilimitada confiança; expondo-lhe depois nossa triste condição de desterrados neste vale de lágrimas, através do qual caminhamos dolorosamente, como Ela caminhou um dia; pedindo-lhe, por último, que nos proteja com o dulcíssimo olhar dos seus olhos misericordiosos, e no final de nossa peregrinação mostre-nos Jesus, que é a ressurreição e a vida eterna. […]

Tantas são, com efeito, as belezas desta peregrina oração, tão profundos seus pensamentos, tão felizes suas expressões, que os historiadores da Idade Média, mais artistas que críticos, tais como João Eremita e Alberico de Trois Fontaines (aos quais mais tarde seguiram-se o grande canonista Alpizcueta e a Venerável Maria de Ágreda), acreditaram que tivesse origem angélica. […]

Várias nações reivindicaram sua paternidade, apresentando seus filhos mais preclaros como autores da grande oração mariana.

Mas, revisados pela crítica os títulos apresentados, foram se desfazendo muitos deles, e na hora presente não há mais que três escritores que podem aspirar à honra de terem composto a Salve Rainha: o germânico Hermann Contractus, o francês Aymar de Puy e o espanhol São Pedro de Mezonzo*.
Salve Regina
Oração da Salve Rainha

Salve, Rainha, Mãe de misericórdia,
vida, doçura, esperança nossa, salve!
A vós bradamos os degredados filhos de Eva.
A vós suspiramos, gemendo e
chorando neste vale de lágrimas.

Eia, pois, advogada nossa, esses
vossos olhos misericordiosos a nós volvei,
e depois deste desterro mostrai-nos Jesus,
bendito fruto de vosso ventre.
Ó clemente, ó piedosa, ó doce Virgem Maria.

Rogai por nós, Santa Mãe de Deus.
Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

Salve Regina em latim

Salve, Regina, Mater misericordiae,
vita, dulcedo, et spes nostra, salve.
Ad te clamamus, exsules filii Hevae,
ad te suspiramus, gementes et
flentes in hac lacrimarum valle.

Eia, ergo, advocata nostra, illos
tuos misericordes oculos ad nos converte;
et Jesum, benedictum fructum ventris tui,
nobis post hoc exilium ostende.
O clemens, O pia, O dulcis Virgo Maria.

Ora pro nobis sancta Dei Genetrix.
Ut digni efficiamur promissionibus Christi.

__________
Nota: o texto acima foi extraído do prólogo da seguinte obra:
Pe. Dr. Javier Vales Failde, La Salve Explicada, Tipografia de “El Eco Franciscano”, Santiago de Compostela, 1923.
* Nota da redação: Segundo uma tradição surgida no século XVI, São Bernardo, movido por inspiração divina, teria acrescentado as três invocações finais “Ó clemente, ó piedosa, ó doce sempre Virgem Maria”. Mas há contra isso o silêncio dos contemporâneos do santo, e o fato de que o argumento da oração e sua conclusão sugerem um mesmo autor. (Cfr. H. T. Henry, Salve Regina, The Catholic Encyclopedia, Volume XIII, Copyright © 1912 by Robert Appleton Company, Online Edition Copyright © 2003 by K. Knight).

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Beato Estevão Bellesini, modelo de pároco santo

Corpo incorrupto do beato Estevao Bellessini

Beato Estevão Bellesini, modelo de pároco santo

Beatificado por São Pio X oito dias antes do Santo Cura d’Ars, foi o primeiro pároco na História da Igreja a ser elevado à honra dos altares.

Filho de José Bellesini, notário em Trento descendente de antiga família espanhola, e de Maria Orsola Meichlpeck, de ilustre casa belga, esse bem-aventurado nasceu na cidade de Trento, ao norte da Itália (então território austríaco), no dia 25 de novembro de 1774. Recebeu no batismo o nome de Luís.

Alegre, saudável, aplicado, piedoso, Luís passou a infância e parte da adolescência junto aos pais, estudando em escolas locais.

Dele só temos notícia quando, aos 17 anos, conseguiu convencer o pai a deixá-lo entrar no noviciado agostiniano do convento de São Marcos, no qual seu tio materno era superior. Mudou então seu nome para Estevão. De Trento foi para o noviciado em Bolonha. Um ano depois fez sua profissão solene.

Catequese e pregação em Trento
Beato Estevao Bellesini segurando um quadro de Nossa Senhora do Bom Conselho de Genazzano
Depois de breve estada em Roma, Estevão retornou a Bolonha, onde estudou filosofia e teologia. Ali recebeu o subdiaconato.

Porém, a tormenta revolucionária que sacudia a França penetrou nos Estados Pontifícios com as tropas de Napoleão. No final de 1796 foi proclamada a república em Bolonha. Os frades foram expulsos, e seus bens confiscados. Estevão Bellesini voltou para seu convento em Trento, onde ainda reinava a tranqüilidade.

Foi encarregado então da sacristia e da pregação, o que fazia com unção e zelo, sendo seus sermões muito apreciados e concorridos.

Grave enfermidade o pregou ao leito na época de sua ordenação; e como ele desejava ardentemente recebê-la, estando ainda muito débil, na data marcada fez-se levar em maca até a igreja para a cerimônia, que teve lugar no dia 5 de novembro de 1797.

Como sacerdote, continuou suas pregações ainda com mais fruto, confluindo público de toda a redondeza para acompanhar seu catecismo e seus sermões.

A Revolução, entretanto, chegou a Trento com a vitória das armas de Napoleão, e os conventos foram ali fechados. Para poder prosseguir sua pregação, o Padre Estevão precisaria prestar um juramento ímpio, semelhante ao da Constituição Civil do Clero, na França.

Obviamente, recusou-se de modo peremptório a fazer tal juramento.

Zelo para salvar a juventude da corrupção
detalhe do corpo incorrupto do beato Stefano Bellessini
Não podendo mais dedicar-se à pregação, voltou-se então para a juventude. Obrigado a retornar à casa paterna, que era muito espaçosa, pensou logo em transformá-la em escola gratuita para jovens que tinham ficado à margem dos estudos, de todas as classes sociais, principalmente as mais pobres.

Declara seu irmão Ângelo, no processo de beatificação: “Tendo o servo de Deus, nesses tempos calamitosos, observado que os políticos tinham-se dedicado a corromper e subverter a juventude, e que para isso tinham introduzido nas escolas públicas professores e mestres suspeitos de pertencer à seita maçônica, os quais insinuavam aos escolares suas máximas contra a Religião, ele, para impedir do melhor modo que podia esta destruição, empregou toda a sua atividade, indústria e caridade, recolhendo quantas crianças pôde, de ambos os sexos, especialmente da classe pobre”. (1)

Inicia assim sua Scola per gente (Escola para as gentes, como a passaram a chamar os meninos), onde os alunos pobres recebiam tudo, desde livros até o pão. As classes eram separadas para meninos e meninas.

O fim que o Beato se havia proposto, ao abrir tal escola, era o de educar cristãmente e no santo temor de Deus a juventude. Por isso, além de aprender a ler e a escrever, os alunos recebiam também aulas de catecismo.

Em pouco tempo, passaram a freqüentar sua escola quatrocentas a quinhentas crianças.

Estevão Bellesini não era um santo triste. Seus contemporâneos o descrevem como “jovial e alegre”, “risonho e aprazível”, “sempre longe das duas extremidades – severidade e condescendência”. Ele não tinha em vista senão a maior glória de Deus e o bem material e espiritual das crianças.

Num tempo de convulsão, com a casa sempre cheia também de soldados a quem devia alimentar, o Beato tinha que desdobrar-se e sobretudo confiar muito na Providência Divina, a fim de conseguir os meios necessários para manter sua casa.

Após a perseguição, reconhecimento de suas virtudes

Igreja de Nossa Senhora de Genazzano aonde o beato Estevao Bellessini foi pároco
As escolas dos concorrentes andavam vazias. O que fez com que se iniciasse uma campanha de difamação contra o Padre Estevão.

Caluniavam-no, injuriavam-no quando passava pelas ruas, chegando a atirar-lhe pedras. Denunciaram-no por fim ao governo, mas este, que conhecia bem o Pe. Bellesini, aprovou e louvou seu trabalho. Aos poucos as outras escolas tiveram que fechar, permanecendo como única escola comunal em Trento a do Beato.

Em 1812 o governo nomeou-o diretor geral de todas as Escolas do Trentino, compreendendo inclusive as Escolas Normais.

O Pe. Estevão estabeleceu que em cada classe de sua escola houvesse dois livros: um Livro de Ouro e outro Livro Negro.

No primeiro, deveriam ser inscritos os nomes dos alunos mais capazes e mais hábeis, mas – detalhe singular – também o daqueles que, apesar de fracos no estudo, “pela sua diligência e fadiga, fizeram tudo o que podiam”, pois tanto uns quanto outros demonstraram exemplaridade de conduta. E por isso mereciam ser honrados.

No Livro Negro, deveriam ser registrados os que tivessem má conduta, sobretudo os que proferissem palavras indecentes ou que roubassem algo do vizinho. Estes, se reincidissem na falta, seriam expulsos.

Apelo da vocação de religioso e exímia aceitação


altar da Mae do Bom Conselho de Genazzano
Quase tudo corria a contento para o Beato Bellesini. Mas nem tudo. Entrara ele para a Ordem dos agostinianos visando, sobretudo, tornar-se um religioso. E isso não era possível em Trento, onde o convento de São Marcos permanecia fechado. Soube ele, entretanto, que Pio VII voltara a Roma, e que a maioria dos religiosos também haviam retornado a seus conventos na Cidade Eterna.

Ele decidiu dirigir-se para lá, a fim de viver sua vocação de filho de Santo Agostinho. Para evitar que o retivessem, fez tudo em segredo. Quando chegaram as férias de 1817, ele partiu sem dizer a ninguém para onde viajaria.

Ao tomar conhecimento da “fuga” do Beato, o governo austríaco, para tê-lo de volta, fez-lhe várias promessas de cargos honoríficos e altos salários. Mas o coração de Estevão já estava noutro lugar.

Em Roma, no convento Santo Agostinho — o principal da Ordem — foi ele designado Mestre de Noviços, cargo que exerceu depois também em Città della Pieve, na Umbria e mais tarde em Genazzano.

Um de seus noviços declarou: “Era amável com todos; a sua mansidão, sua afabilidade e jovialidade, unida à graça no dizer, o tornavam caro e querido de quantos dele se aproximavam”.

E assim o descrevem na época: “É de alta estatura, grave no comportamento, olhos negros, bela face, simpático de fisionomia, com uma palidez que deixava conhecer quão débil era o invólucro corpóreo no qual, no entanto, habitava tão grande espírito”.

Junto à Mãe do Bom Conselho de Genazzano
imagem miraculosa de Nossa Senhora do Bom Conselho de Genazzano
Finalmente, tendo sido restabelecida a vida comum no convento de Genazzano, Estevão Bellesini nele foi admitido, sendo designado Mestre de Noviços. Acumulou ao mesmo tempo, por gosto, a função de sacristão. Demonstrou aí um empenho amoroso pela beleza e decoro do santuário e do culto.

Em 1831, tendo 57 anos de idade, foi designado pároco. Como tal, “prega, ensina o catecismo, assiste os doentes, visita as famílias, pede ajuda aos amigos de Roma e de Trento para a população pobre, faminta, sobrecarregada pelas taxas e tributos”.(2) Tornou-se o sustentáculo da vida comum, o pai dos pobres, o consolador dos aflitos.

Era cena muito comum na cidade de Genazzano ver-se o Beato com um feixe de lenha às costas, dirigindo-se a algum tugúrio. Chegava a dar a própria vestimenta aos destituídos da fortuna, quando não tinha outra coisa à mão.

Bellesini tinha feito um compêndio do catecismo, fácil de ser memorizado, com todos os artigos da fé. Junto à ajuda material, dava assim também aos necessitados a espiritual.

Devotíssimo do Santíssimo Sacramento, era diante do tabernáculo que hauria a força necessária para seu apostolado. Sua outra terna devoção era para com a Mãe do Bom Conselho, a Quem ele recomendava todos seus paroquianos.

Desenlace do servo fiel à Santíssima Virgem

O Beato Bellesini foi vítima de sua caridade para com os empestados. Depois de uma visita a um deles, sentiu-se depauperado e febril. Mas continuou suas funções até uma semana antes de entregar a Deus seu espírito.

Quando, na tarde do dia 2 de fevereiro, sentiu chegar o último momento, pediu a vela benta e quis pôr-se de joelhos, para recitar as últimas orações: o terço, a coroinha da Madonna della Cintura e a Novena da Purificação.

A alguém que lhe disse ser melhor não se fatigar, respondeu: “Como?! Hoje devo apresentar-me para beijar os pés de Maria Santíssima sem ter rezado o terço, a coroinha, e feito a meditação apropriada?”

Ao canto do Magnificat, entrou em agonia, e pouco depois comparecia para oscular os pés de sua Augusta Senhora. Foi beatificado pelo grande Papa São Pio X, em 27 de dezembro de 1904.(3)

A sua festa celebra-se no dia 3 de fevereiro.
_________
Notas:
(1) Vico Stella, Una vita per gli altri – Beato Stefano Bellesini, pároco agostiniano, Santuário Madre del Buon Consiglio, Genazzano, Piccole Arti Grafiche, Roma, p. 10.
(2) D. Riccardi, Un Santo fra poveri e ragazzi – Vita del B. Stefano Bellesini, Ancora, Milano, 1970, apud Vico Stella, op. cit., p. 31.
(3) Pe. José Leite, S.J., Santos de Cada Dia, Editorial A.O., Braga, 1993, vol. I, p. 171.

Nossa Senhora de Quinche, Padroeira do Equador

Nossa Senhora do Quinche

Nossa Senhora de Quinche, Padroeira do EquadorA imagem de Nossa Senhora de Quinche é, fora de dúvida, a mais renomada do Equador, e seu Santuário, dos mais visitados. Sendo sua devoção infelizmente pouco conhecida no Brasil, apresentamos abaixo um resumo de sua história e de seus inumeráveis milagres

Não longe de Quito, rumo ao noroeste, existia uma tribo indígena chamada dos Oyacachis. Esses índios, ao que tudo indica, foram os que martirizaram o sacerdote jesuíta Rafael Ferrer. Mas, anos depois, já convertidos, desejavam possuir uma imagem de Nossa Senhora, o que não era muito fácil de se obter naqueles tempos.

Nascimento singelo da devoção

Um escultor de nome Diego Robles havia esculpido uma imagem para uma outra tribo indígena, mas como os silvícolas não quiseram ou não puderam pagá-la, vendeu-a aos Oyacachis. A imagem era de madeira, tendo 62 centímetros de altura. Os nativos, muito pobres e rústicos, colocaram-na numa gruta, à falta de outro lugar.

E querendo vesti-la de modo parecido a uma dama espanhola, trajaram-na com uma túnica de grosso pano, o único que possuíam, o qual porém não decorava bem a imagem. Nossa Senhora, Mãe por excelência, não se preocupou com o humilde traje, decidindo premiar a devoção dos indígenas.

Começou então a operar contínuos milagres. Muitas vezes saía de sua gruta e voltava somente no outro dia. Quando voltava, os índios perguntavam-lhe onde tinha estado, e a imagem simplesmente mostrava-lhes os pés cheios de lama, dando a entender que tinha ido socorrer diversas pessoas. Além disto, sabia-se na região que a gruta da imagem ficava em muitas ocasiões iluminada, e às vezes ouviam-se sons musicais sair dela.

Como começavam a aparecer peregrinos de outros locais, atraídos pelos numerosos milagres, decidiram os índios construir uma capela mais digna para a Mãe celeste.

Certo dia passou pela região o escultor da imagem. Os silvícolas encomendaram-lhe um pequeno altar para a Virgem, tendo ele se negado a construí-lo. E foi embora. Quando, porém, passava por uma ponte primitiva, seu cavalo deu um salto e ele caiu.

O escultor só não rolou pelo precipício porque uma de suas esporas ficara presa numa das cordas da ponte. Ficou dependurado assim sobre o abismo, e não conseguia sair do apuro. Lembrou-se então da imagem da Virgem dos Oyacachis…

Prometeu a Nossa Senhora que, caso o livrasse do perigo, ele voltaria e faria o altar. Apesar de ser aquele um local isolado, logo surgiram várias pessoas que o salvaram. Em cumprimento da promessa, o escultor voltou e construiu o altar.

Encantadora simplicidade, milagres portentosos

Nossa Senhora do Quinche

Toda a tribo colaborou na construção da capela. Uma índia, de costumes muito puros, tinha por encargo levar comida para os que se achavam no bosque cortando madeira.

Como seu pequeno campo estava pronto para a colheita, e ela não tinha a quem recorrer para ficar impedindo os pássaros de comer tudo, na sua simplicidade, foi até a imagem. E a nativa pediu-lhe que cuidasse de sua plantação.

Incrível misericórdia da Rainha dos Céus e da Terra: várias vezes, ao voltar, a indiazinha encontrava a própria Virgem Santíssima cuidando do trigal, da mesma forma que ela A via representada na imagem!

Um casal de índios foi ajudar a construção da capela, deixando seu filho junto a uma árvore enquanto trabalhavam. Ao retornar, um urso devorava o indiozinho. Afugentaram a fera, mas… o pequeno tinha perdido um braço e morrera. Os pais não duvidaram: levaram o pequeno cadáver junto à imagem e suplicaram um milagre. Nossa Senhora não se fez rogar por muito tempo: devolveu a vida e o braço ao menino!

Este estupendo milagre fez com que a devoção se difundisse enormemente e sua fama chegasse muito longe.

Trasladação da imagem, multiplicação dos milagres

SAntuario Nacional do Quinche

Após 30 anos, o então Bispo de Quito, Frei Luiz López de Solís, fez trasladar a imagem ao povoado de Quinche.

Motivo? Os infelizes índios eram dotados de temperamento muito volúvel. Se num momento iam bem, nada garantia que no minuto seguinte não se comportassem mal. Assim, aquela tribo, tão favorecida por Nossa Senhora, em meio a uma festa com bebedeira, recaíra no paganismo… Os silvícolas tomaram a cabeça de um urso e decidiram adorá-la. Retiraram as jóias da imagem e ofereceram-nas a esse fetiche.

Como castigo, o Bispo retirou-lhes a imagem e trasladou-a a um povoado próximo.

Mas Nossa Senhora é Mãe! Mesmo após o pecado, Ela não se esqueceu dos pobres Oyacachis e continuou a favorecê-los com milagres.

Havia, no povoado de Yaruquí, um indígena que sofria de hidropisia. Gastara toda sua fortuna de vacas e ovelhas com feiticeiras, as quais não o tinham curado. Desiludido, o índio recorreu à imagem e prometeu-lhe abandonar as feitiçarias, caso fosse curado.

Juntou o pouco dinheiro que lhe restava e mandou rezar uma Missa. Permaneceu na igreja o dia inteiro e já no outro dia estava curado. O milagre foi testemunhado pelo Pe. Francisco Cáceres, sacerdote naquele povoado.

Uma senhora distinta, devido a certa doença, não podia falar há três anos. Rezou uma novena diante da imagem, colocou em seus ombros um manto branco que aquela costumava usar, e logo ficou curada, sem que nunca mais voltasse a sofrer da doença.

Toda a população se traslada junto com a imagem…

Nossa Senhora do Quinche

Aumentando o número de peregrinos, decidiu-se fazer novo templo para a milagrosa imagem, que se tornou a Padroeira do país. Como o único terreno disponível ficava a certa distância do anterior Santuário, logo que a imagem foi mudada de local, em 1630, o povo também trasladou-se, surgindo assim, em torno da nova igreja, tornada Basílica nacional, uma nova cidade.

Já em nosso século, em fevereiro de 1909, houve um desastre ferroviário perto da cidade de Riobamba. Entre os feridos estava um senhor colombiano, que ao saltar do vagão em que viajava, teve o calcanhar destroçado por uma das rodas.

Apesar dos cuidados médicos, logo gangrenou a ferida e lhe avisaram que seria preciso amputar o pé. O colombiano, contudo, resistiu. Então, uma senhora sugeriu-lhe que fizesse uma peregrinação ao Santuário de Quinche, pedindo um milagre a Nossa Senhora. Ora, não é agradável fazer uma viagem por caminhos difíceis e longos, a cavalo e com gangrena no pé. E, naquela época, não havia outra alternativa.

O devoto colombiano, contudo, não teve dúvida e partiu em peregrinação. Já ao iniciar a viagem sentiu alguma melhora. Chegando à cidade de Quito, desceu do trem, alugou cavalos, um par de muletas e partiu rumo ao Santuário, a dois dias de marcha. Próximo ao templo, decidiu, em homenagem a Nossa Senhora, fazer o último trecho a pé, avançando de muletas. Ao chegar ao Santuário não sentia mais dores…

Examinaram-lhe o pé, tiraram as ataduras… a gangrena havia desaparecido. E, em seu lugar, surgira nova carnatura e o calcanhar perdido no desastre. O feliz peregrino deixou no Santuário, como lembrança, as muletas, e deu de presente a Nossa Senhora um manto e uma túnica de fios de prata.

Falta-nos espaço para relatar outros tantos e tantos milagres operados pela imagem, especialmente por ocasião das epidemias de peste que assolaram Quito. Entretanto, os prodígios acima relatados serão suficientes para aqueles que confiam na bondade e misericórdia da Mãe de Deus. Esperamos ter contribuído assim, ao menos um pouco, para fazê-La conhecer e amar.

Para concluir, apenas uma pergunta: se Ela operou e opera tantos milagres, não será, caro leitor, que Nossa Senhora de Quinche está à espera de sua oração para realizar mais um?

Oração a Nossa Senhora da Presentação do Quinche
 O Virgemzinha do Quinche
grande defensora dos desamparados
e esperança dos Vossos pobres filhos
pelo precioso Menino Jesus que levas nos braços
recebe este mensagem de nosso amor.
Dai-nos a graça de nunca
olvidarmo-nos de Vós,
mesmo nas mais variadas circnstâncias de nossa vida
e sobretudo concedei-nos a dita de expirar
pronunciando teu Santo Nome
sob Vosso maternal olhar. Assim Seja

A festa de Nossa Senhora do Quinche é celebrada no dia 21 de novembro

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Bibliografia:
– Pe. Carlos Sono, Historia de la Imagen y del santuário del Quinche, Quito, 1903.
– Pe. Ruben Vargas Ugarte, S.J.; Historia del Culto de Maria en Iberoamérica, Talleres Gráficos Jura, Madrid, 1956, Tomo II.
– Pe. José Julio Maria Matovelle, Obras Completas, Cuenca, 1981.

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